segunda-feira, 27 de julho de 2020




A música “A morte do vaqueiro”, de Luiz Gonzaga, criada para lembrar a morte de seu primo, Raimundo Jacó, assassinado no dia 8 de julho de 1954, foi imortalizada no LP “Pisa no Pilão (Festa do Milho)”, de 1963. Sete anos depois, o “Rei do Baião” voltou a homenageá-lo criando, junto com o padre João Câncio, a Missa do Vaqueiro, em 

Serrita (PE), uma das mais belas festas o sertão nordestino. Este ano, o evento completou meio século e, com a pandemia da Covid-19, a tradição de reunir centenas de vaqueiros foi interrompida. Uma celebração simbólica marcou os 50 anos da festa.

 A ideia de criar a Missa do Vaqueiro surgiu em 1969, a partir do padre João Câncio. Inspirado pela canção “A Morte do Vaqueiro”, convidou o ‘velho Lua’ para criar o evento em homenagem ao primo. A primeira edição aconteceu no dia 18 de julho de 1970 e, desde então, a cerimônia litúrgica é realizada anualmente no quarto domingo do mês. Ano passado, reuniu aproximadamente 70 mil pessoas.

Tradição

Da região do Cariri cearense, centenas de vaqueiros viajam, em grupo, para homenagear Raimundo Jacó e, de certa forma, sua própria profissão. Todos de gibão, chapéu de couro e perneira, como se vestem tradicionalmente. A missa contém muitos ressignificados, sobretudo, da cultura sertaneja. A hóstia, é substituída pela farinha, rapadura e queijo, comida comum nos seus alforjes. 
“É uma tradição. Depois que fui uma vez, não deixo de ir nunca mais. A gente encontra aquela vaqueirama para falar da festa, lembrar a morte de Raimundo Jacó, que foi morto de forma covarde, traiçoeira. É um momento de emoção para todos nós”, explica o vaqueiro do Crato, Raimundo Procópio, que foi já foi ao evento cinco vezes.  
Seu plano e de centenas de vaqueiros de participar da festa foi interrompido pela pandemia da Covid-19. Geralmente, viajam de carro e levam consigo seus cavalos, enquanto outros fazem o caminho no próprio lombo do animal, levando horas para chegar ao Parque João Câncio, onde acontece a festa.  “É vaqueiro de tudo que é canto. Infelizmente aconteceu essa doença. É muito difícil. Deus não quis, mas ano que vem vamos estar lá”, garante Procópio. 

Mudança de planos

A edição de 50 anos, aguardada há um bom tempo, inicialmente seria adiada para novembro, por conta da importância de se realizar ainda em 2020. Com o avanço do coronavírus, o evento foi cancelado. “A gente chegou a divulgar, mas não pensava que a pandemia fosse se estender por tanto tempo. Hoje nem se cogita (realizar em 2020). Foi descartado completamente”, conta Helena Câncio, presidente da Fundação Padre João Câncio, que organiza o evento.  
A Diocese de Salgueiro, sob o comando do bispo Dom Magnus Henrique, e a Fundação, prepararam uma peça musical Rezas do Sol com artistas que gentilmente de suas casas realizaram uma homenagem à festa, exibida no YouTube.
Junto com a Paróquia de Serrita, a Diocese também decidiu, ainda no sábado, realizar uma celebração no local que Raimundo Jacó morreu, sem ser divulgado, para não gerar aglomeração. “Foi feita para não perder a tradição, mas a gente não planeja mais nenhum evento para este ano. A pandemia está cada vez mais forte. Queremos focar no próximo ano”, ressalta Helena.  
A Missa do Vaqueiro movimenta a região a partir da sexta-feira. As pessoas lotam hotéis e pousadas em Granito, Moreilândia, Exu e Salgueiro. A passagens de visitantes também acontece pelo Cariri cearense. “Já uma movimentação em função de Luiz Gonzaga. Quem vem de avião, se hospeda em Juazeiro do Norte e segue de carro”, conta a organizadora do evento.  
Os vaqueiros, claro, são os protagonistas. Uma estrutura é toda montada para recebê-los, incluindo a tradicional pega de boi, que chega a 500 inscrições, e a vaquejada no Parque João Câncio. A estimativa é de 1.500 profissionais reunidos. O evento também mantém costumes tradicionais, como a valorização do forró pé de serra, o xote e o baião. A missa continua seguindo fielmente ao projeto, com a partilha dos alimentos no ritual da comunhão e a entrega das indumentárias.
“Foi com muita tristeza que lidamos com o cancelamento, mas Dom Magnus fez uma referência a primeira e segunda missas, que foi no mesmo lugar, com pouca gente. Nessa faltou público, o abraço, o calor humano, mas cumprimos com um ritual. A tradição não foi quebrada em homenagem aos vaqueiros”, enfatiza Helena Câncio.   

Raimundo Jacó 

“Morto pela inveja”, como narra o poeta e repentista Pedro Bandeira, a história de Raimundo Jacó se tornou popular na voz de Luiz Gonzaga, em “A Morte do Vaqueiro”. Seu parceiro de composição, Nelson Barbalho, narra que o Rei do Baião tentou muitas vezes, no estúdio, cantar a canção, mas sempre chorava durante as gravações. Um dia, ele conseguiu e a imortalizou no LP “Pisa no Pilão (Festa do Milho), de 1963. Um baião-toada que lembra os aboios do seu primo.  
Não é à toa que Raimundo Jacó também era conhecido como Raimundo Aboiador ou Raimundo Doido. Ele era muito respeitado por sua voz ao tanger e atrair o gado, além de sua habilidade em capturar o animal fugido. No Crato e em Juazeiro do Norte, o vaqueiro gostava de beber e arrumar confusão, mas era querido por todos.  
Seu companheiro fiel, um cachorro chamado Brasileiro, esteve ao seu lado até o fim de sua vida e após a sua morte. O vaqueiro foi encontrado morto com uma pancada na cabeça e seu cão permaneceu no seu túmulo, onde também morreu. “Ninguém aboiava bonito como ele. Quando ele começava a aboiar, o gado chegava perto”, conta Pedro Bandeira.  
Fonte: Jornal Diário do Nordeste e  redes sociais

sexta-feira, 24 de julho de 2020

“É um equipamento com uma ótima estrutura que servirá para a realização de outros procedimentos clínicos. Quando a pandemia passar, vamos destinar o espaço para outros fins, garantindo mais estrutura em saúde para a população de Caucaia”, afirma o Prefeito Naumi Amorim.
O município de Caucaia vem registrando ao longo do mês de julho uma baixa taxa de ocupação dos leitos no Hospital de Campanha e uma redução na procura por atendimentos nas Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) de pacientes com sintomas da Covid-19. Na manhã desta quarta-feira (22), apenas 6 pacientes com coronavírus estavam internados, sendo 5 na enfermaria e apenas 1 na UTI.
“Avaliamos que podemos fechar o Hospital de Campanha no mês de agosto. Temos esta esperança a partir dos indicadores”, afirma o secretário de saúde de Caucaia, Moacir Soares. “Mas devemos continuar vigilantes no combate ao vírus e ainda cumprir rigorosamente as medidas de isolamento social e higiene em saúde para evitarmos uma segunda onda de contaminação”, ressalta.
Ele enfatiza que esta é uma grande iniciativa para a retomada dos serviços hospitalares que ficaram represados durante a pandemia. “Nosso objetivo é que o sistema de saúde de Caucaia retome na íntegra todas as ações e serviços na sua plenitude a partir de agosto”, finaliza Moacir. 
Diversas especialidades podem ser contempladas como traumatologia, ginecologia, oftalmologia e cirurgias gerais, em procedimentos de hérnia, vesícula, vasectomia, histerectomia, laqueadura, oforectomia e colpoperinioplastia.
Fontes: Redes sociais

terça-feira, 14 de julho de 2020


Caucaia prorroga decreto de isolamento social até o dia 19 de julho

A Prefeitura de Caucaia prorrogou o decreto com medidas de combate ao novo coronavírus (Covid-19) no município até o dia 19 de julho, incluindo o isolamento social. O decreto N.º 1.122 assinado pelo Prefeito Naumi Amorim foi publicado neste domingo (12) e consta no Diário Oficial do Município (D.O.M.) disponível no portal da Prefeitura de Caucaia.

Permanecem suspensos eventos de qualquer natureza, público ou privado, com aglomeração de pessoas; atividades coletivas em espaços e equipamentos públicos e privados, tais como shows, festas, congressos, reuniões, torneios, jogos, apresentações teatrais, sessões de cinema, comemorações; reuniões, para quaisquer fins, realizadas em âmbito público ou privado que ensejem aglomerações; aulas presenciais em estabelecimentos de ensino públicos e privados; e feiras de qualquer natureza. Ainda com o decreto, as praias, praças e demais espaços de uso coletivo, público e privado, não podem ser utilizados para a promoção de qualquer atividade que gerem grandes aglomerações.
“Estamos atuando de forma séria e comprometida no enfrentamento da pandemia desde o início, sempre priorizando a adoção de medidas alinhadas às recomendações, relatórios e dados técnicos das equipes de saúde”, afirmou o prefeito Naumi Amorim.
Ainda segundo o decreto, o uso das áreas comuns e de lazer de condomínios verticais e horizontais deverá atender a normas mínimas de segurança que, definidas por cada condomínio, busquem evitar a proliferação do novo coronavírus.
Ficam dispensadas do uso obrigatório de máscaras de proteção facial as pessoas com transtorno do espectro autista, com deficiência intelectual, com deficiências sensoriais ou com quaisquer outras deficiências que as impeçam de fazer o uso adequado de máscara de proteção facial, bem como no caso de crianças com menos de 3 (três) anos de idade.
Com o decreto, continuam autorizadas a voltar ao trabalho as pessoas em atividades liberadas acima de 60 (sessenta) anos ou com fatores de risco da Covid-19 que tenham comprovação de imunidade ou de adoecimento há mais de 30 (trinta) dias.
O ponto facultativo para o serviço público municipal, previsto no decreto, também fica estendido até o dia 19 de julho de 2020, mantendo o funcionamento dos serviços essenciais, tais como: saúde pública, limpeza pública, segurança, fiscalização e orientação de trânsito, vigilância e salva-vidas, defesa civil, dentre outros, definidos pelos titulares das Pastas dos Órgãos e Entidades da Administração Direta e Indireta do Poder Executivo Municipal.
“Desde o início da pandemia, o município de Caucaia se mantém firme no propósito de proteger a vida do cidadão, buscando, com seriedade e responsabilidade, a adoção de medidas pautadas em recomendações dos especialistas da saúde para enfrentamento do novo coronavírus”, finaliza o Prefeito Naumi Amorim.
COMÉRCIO
O decreto também autoriza a continuação da fase 2 do processo de abertura gradativa e responsável das atividades econômicas de Caucaia.
Com a medida, estão ampliadas para 100% a capacidade de trabalhadores nas atividades das indústrias de materiais esportivos, instrumentos e brinquedos; comércio de artigos de couro e calçado; comércio atacadista da cadeia metalmecânica e afins. Com apenas 40% da capacidade de trabalhadores em atividade, são: alimentação fora do lar (não se estende a restaurantes em barracas de praia, lagoas ou estabelecimentos similares) e assistência social.
Os setores que continuam com a capacidade de trabalhadores presencial em 50% são: comércios da cadeia têxtil e roupa; comércio de livros e revistas; comércio de artigos do lar; comércio da cadeira agropecuária; comércio moveleiro; comércio da cadeia de tecnologia da informação; comércio de bicicletas na cadeia de logística e transporte; comércio automotivo e serviços; comércio de saneantes, livraria, brechós, papelarias, doces e caixões; comércio de aparelhos esportivos, instrumentos e brinquedos; atividades religiosas com apenas 20% da capacidade dos templos. Abaixo você confere lista completa com o detalhamento de cada setor.
Confira abaixo as atividades econômicas liberadas em Caucaia: 
– Trabalho presencial em 100%:
Indústria química e correlatos: Indústria de químicos inorgânicos, plástico, borracha, solventes, celulose e papel;

Artigos de couros e calçados: indústria e comércio;
Cadeia metalmecânica e afins: Fabricação de ferramentas, máquinas, tubos de aço, usinagem, tornearia, solda e comércio atacadista;
Saneamento e reciclagem: Recuperação de materiais;
Cadeia energia elétrica: Construção para barragens e estações de energia elétrica, geradores;
Cadeia da construção civil;
– Trabalho presencial em 50%:
Têxteis e roupas: indústria e comércio;

Comunicação, publicidade e editoração: Agências de publicidade, marketing, edição, design, comércio de livros e revistas;
Indústria e serviços de apoio: Indústria de artigos de escritório, armas e serviços de manutenção. Contabilidade, auditoria e direito (máximo de 03 profissionais por escritório), organizações associativas, e serviços de apoio administrativo;
Artigos do lar: Indústria e comércio;
Cadeia agropecuária: Comercialização de flores e plantas e couro;
Cadeia moveleira: Indústria e comércio;
Tecnologia da informação: Consultoria em TIC, software house, assistência técnica, indústria e comércio;
Logística e transporte: Comércio de bicicletas;
Cadeia automotiva: Indústria, comércio e serviços;
Comércio de outros produtos: Comércio de saneantes, livraria, brechós, papelarias, doces e caixões;
Comércio e serviços de higiene e limpeza: Comércio de higiene e cosméticos;
Esporte, cultura e lazer: Fabricação e comércio de aparelhos esportivos, instrumentos e brinquedos;
– Trabalho presencial em 25%:
Atividades religiosas: Celebrações religiosas com 25% da capacidade dos templos, igrejas e congêneres;

– Trabalho presencial em 40%:
Assistência social: Defesa de direitos sociais, e serviços de assistência social sem alojamento;
Alimentação fora do lar: Restaurantes;
Fonte: Assessoria decomunicação de Caucaia e redes sociais

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Mais de R$ 30 milhões – esse é o valor que a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) gastou em campanhas veiculadas em rádios e TVs de líderes religiosos que apoiam Jair Bolsonaro. Segundo levantamento da Agência Pública, o governo pagou com verba pública ações publicitárias em cinco veículos ligados a pastores de igrejas evangélicas que se reuniram com o presidente no início de junho, em Brasília. Na ocasião, os líderes se encontraram com Bolsonaro para “interceder pela nação e levantar um clamor pelo Brasil”, como afirmou Silas Malafaia, um dos organizadores do encontro.

Segundo a reportagem apurou, o valor gasto pela Secom em campanhas nesses veículos equivale a quase 10% de tudo que a secretaria desembolsou desde o início do governo Bolsonaro. Na semana passada, ela foi incorporada ao Ministério das Comunicações, recriado pelo presidente.
Parte do valor gasto cobre os custos das agências de comunicação contratadas pelo governo para desenvolver as campanhas, mas a maioria vai para as próprias redes de TV e rádio, como anúncio publicitário. Segundo a apuração, dos mais de R$ 30 milhões contratados pela Secom, R$ 25,5 milhões foram pagos aos veículos.
A maior parte do valor pago pela Secom foi para campanhas na rádio e TV Record, controlada pelo bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus. A secretaria pagou mais de R$ 28 milhões para campanhas publicitárias veiculadas na rádio e TV da emissora e na Record News. Desse total, R$ 25,1 milhões foram pagos diretamente aos veículos para custear os anúncios publicitários. O bispo Eduardo Bravo representou Edir Macedo na comitiva que esteve com Bolsonaro no dia 5.
A Secom pagou também cerca de R$ 30 mil em campanhas em emissoras afiliadas à Record. A TV Pajuçara, afiliada em Alagoas, recebeu R$ 12 mil.
Segundo a reportagem apurou, a maioria da verba pública gasta na Record foi para promover a reforma da Previdência. O governo contratou cerca de R$ 11 milhões em ações apenas na emissora de Edir Macedo, cerca de 15% de tudo que a Secom gastou para promover a reforma. A campanha é a mais cara já realizada desde a posse de Bolsonaro, com mais de R$ 70 milhões contratados ao todo.
Além de promover as mudanças na aposentadoria dos brasileiros, a Secom usou verba pública na Record para veicular campanhas de prestação de contas do governo, sobre segurança pública, no combate à violência contra a mulher e ações para divulgar uma imagem favorável do governo federal, como a “Agenda Positiva”. A reportagem encontrou mais mais de R$ 700 mil gastos pela Secom para veicular a campanha na Record, cerca de 12% de tudo que a secretaria já contratou para a ação, feita para mostrar “como cada ato do governo beneficia diretamente o cidadão e faz mudar seu dia a dia para melhor”. A Pública havia revelado que o governo já gastou R$ 14,5 milhões com a Agenda Positiva e manteve gastos milionários mesmo durante a pandemia do novo coronavírus.
A reportagem encontrou R$ 510 mil gastos na campanha “Dia da Amazônia” apenas em veiculações na Record. A ação foi anunciada em setembro de 2019, após críticas internacionais sobre queimadas na floresta amazônica. Segundo o governo, a campanha, que já custa mais de R$ 3,1 milhões, serve para reafirmar “soberania do Brasil em relação ao território” e “mostrar como o Brasil defende e conserva o bioma”.
A Pública questionou a Secom sobre os valores gastos em publicidade em emissoras religiosas, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.

Pastor dono de TV e rádio alegou prejuízo financeiro com pandemia

Além do bispo Eduardo Bravo, representante de Edir Macedo, da Universal, outras nove igrejas evangélicas tinham membros presentes no encontro ou foram mencionadas pelos organizadores da comitiva.
Um dos presentes foi o apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo. A igreja é dona da Rede Gospel, uma emissora de TV mantida pela Fundação Evangélica Trindade. Segundo a Pública apurou, a Fundação recebeu R$ 402,7 mil da Secom durante o governo Bolsonaro.
Em abril, no meio da pandemia, a Rede Gospel teria feito demissões em massa alegando dificuldades financeiras por queda de arrecadação dos dízimos e por estar com os templos fechados. Em 2012, o apóstolo Estevam Hernandes e sua esposa, a bispa Sônia Hernandes, foram obrigados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a devolver R$ 785 mil aos cofres públicos por fazer uso de repasses do Ministério da Educação à Fundação Renascer. O dinheiro deveria ter sido utilizado para alfabetização de jovens e adultos. O casal foi preso nos Estados Unidos, em 2007, acusado de tentar entrar no país com dinheiro não declarado dentro de uma bíblia.
Outro membro da comitiva, o pastor R. R. Soares (Romildo Ribeiro Soares) está à frente da Igreja Internacional da Graça de Deus e é proprietário de várias empresas de mídia, incluindo editoras, gravadoras e distribuidoras de filmes. Listada como Rádio e Televisão Modelo Paulista, a Nossa TV recebeu R$ 1,5 mil da Secom. Embora os dados informados pela secretaria levem a um endereço no Rio Grande do Sul – a Nossa TV tem sede no Rio de Janeiro –, o nome de André Bezerra Ribeiro Soares, filho de R. R. Soares, aparece como sócio na consulta do CNPJ no site Brasil.io, que lista dados de empresas brasileiras.
Apesar de não estarem presentes, o pastor Samuel Câmara e o bispo Robson Rodovalho foram citados por Silas Malafaia na transmissão do encontro. Câmara é proprietário da Rede Boas Novas, uma TV aberta com cobertura nacional que tem duas emissoras próprias e quase cem retransmissoras e afiliadas. A empresa recebeu R$ 472 mil da Secom. Já o bispo Rodovalho comanda a Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra, mantida pela Fundação Sara Nossa Terra. Durante o governo Bolsonaro, a Secom repassou R$ 741 mil à fundação, cuja estrutura de comunicação inclui a Rede Gênesis, emissora de televisão com abrangência nacional por canais pagos, e a Sara Brasil FM, uma emissora de rádio sediada em Brasília.

“Comitiva de pastores” deve R$ 194 milhões ao governo

As igrejas e veículos de comunicação ligados ao grupo de pastores que se reuniu com Bolsonaro deve mais de R$ 194 milhões em dívidas com a União.
A maior devedora é a Igreja Internacional da Graça de Deus, de R. R. Soares, que sozinha tem uma dívida de mais de R$ 145 milhões. A dívida da igreja com a Receita cresceu no ano passado: eram R$ 127 milhões segundo dados informados anteriormente à Pública, referentes a agosto de 2019.
Além dos R$ 145 milhões em dívidas previdenciárias – valores não pagos referentes a funcionários, como a contribuição patronal ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) –, a editora Graça Artes Gráficas, ligada à igreja, deve mais de R$ 968 mil ao governo.
No Brasil, igrejas acumulam dívidas milionárias com a Receita Federal. De acordo com apuração da Pública, no final de 2019 elas somavam R$ 460 milhões. Mais de 1.200 entidades e grupos religiosos estavam em débito com o governo.
Segundo reportagem do Estadão, em abril o deputado federal David Soares (DEM-SP), filho do missionário R. R. Soares, se reuniu com Bolsonaro e o secretário especial da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, para encontrar “uma solução” para as dívidas tributárias das igrejas.
Em 2019, o governo Bolsonaro havia flexibilizado a prestação de contas de entidades religiosas. Igrejas que arrecadam menos de R$ 4,8 milhões deixaram de precisar enviar dados financeiros à Receita pela Escrituração Contábil Digital (ECD). Segundo a Pública apurou, igrejas e organizações evangélicas são a maioria entre as entidades religiosas que devem à Receita e juntas acumulam cerca de 80% do total em dívidas. Apesar disso, a arrecadação das instituições religiosas vem crescendo ano após ano, bem como o número de entidades registradas na Receita.

Donos de emissoras católicas prometem “mídia positiva” em troca de anúncios

Encontros do presidente da República com líderes religiosos cristãos se tornaram prática recorrente do governo Bolsonaro. No dia 12 de abril, domingo de Páscoa, o presidente participou de uma live com católicos e evangélicos, incluindo Iris Abravanel, escritora e esposa de Silvio Santos, dono do SBT; o pastor Silas Malafaia, o padre Reginaldo Manzotti; e o deputado federal Marco Feliciano (Republicanos). O encontro foi transmitido nas redes sociais do presidente e pela TV Brasil, que é uma emissora estatal. A Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos contestou o uso da emissora pública na Justiça alegando proselitismo religioso na transmissão.
Durante uma videoconferência no dia 21 de maio, com participação de Bolsonaro, padres que controlam emissoras católicas de rádio e TV ofereceram mídia positiva das medidas de enfrentamento do novo coronavírus em troca de anúncios e outorgas do governo federal. O caso veio à tona em reportagem do jornal Estadão, que mostrou repasses de R$ 4,6 milhões da Secom para emissoras de TV ligadas a grupos religiosos no ano passado. Após a reportagem, comissões da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmaram em nota que “não organizaram e não tiveram qualquer envolvimento com a reunião entre o presidente da República Jair Bolsonaro, representantes de algumas emissoras de TV de inspiração católica e alguns parlamentares” e que “a Igreja Católica não faz barganhas”.
Fonte: www.cartacapital.com.br e redes sociais

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